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Depressão muda a vida
sexual das mulheres
Muito mais do que estar simplesmente triste, na
“fossa” ou de “baixo astral”, ter depressão é ser portador de uma doença que
requer tratamento especializado e contínuo. Mais recorrente entre as mulheres
(cerca de 20% delas padecem desse mal, contra 10% dos homens), a depressão
altera o estado de ânimo, gerando falta de disposição e sentimentos de
pessimismo, culpa e ruína. Outra conseqüência da doença, também muito comum, é a
diminuição do interesse sexual. A perda da libido, por exemplo, atinge 52% das
mulheres com depressão. O pior é que muitos antidepressivos agravam o problema,
o que faz com que muitas pacientes abandonem o tratamento, podendo intensificar
o quadro depressivo. Depressão e disfunção sexual acabam formando, portanto, um
perigoso círculo vicioso.
A Dra. Carmita Helena Najjar Abdo, médica psiquiatra, professora livre docente
da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex)
do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, explica que o ciclo sexual
feminino é mais suscetível a mudanças que o masculino. “Os homens, geralmente,
obedecem a uma seqüência mais simples, caracterizada por
desejo-excitação-orgasmo. Nas mulheres, essa fórmula não vale em todos os
casos”, afirma a médica psiquiatra. Como exemplo, ela cita relações em que a
mulher começa sem nenhum desejo, mas, com a estimulação do prazer, chega ao
orgasmo. E também ocorre ao contrário, quando a mulher está excitada, mas não
atinge o ponto máximo da excitação.
Muitas mulheres com depressão abandonam o tratamento para atender à expectativa
sexual do parceiro, o que resulta, geralmente, no retorno da doença. “Na
prática, o que se observa é a depressão levando à disfunção sexual e esta, por
sua vez, retroalimentando a depressão”, afirma Dra. Carmita. Por esta razão,
segundo ela, tratar a depressão deve ser prioritário nesses casos. “Primeiro,
devemos tratar a depressão, depois resolvemos a disfunção sexual ou outros
problemas que podem ser concomitantes, como aumento de peso, porque muitas vezes
eles são conseqüências do sucesso do tratamento da depressão”, explica a médica.
Há, no entanto, possibilidades de minimizar a disfunção sexual no combate à
depressão. Carmita Abdo comenta, por exemplo, que, dependendo do caso, o médico
pode fazer a substituição do antidepressivo utilizado por outro com menos
efeitos sobre a esfera sexual. Atualmente já existem antidepressivos com esse
perfil, mantendo a eficácia e preservando ou até melhorando a função sexual,
constituindo-se, portanto, em uma boa alternativa. “Medicamentos a base de
bupropiona têm boa tolerabilidade, não afetando a área sexual e não provocando
aumento de peso”, afirma Carmita.
O que causa o aparecimento desses males?
A causa da depressão ainda não foi estabelecida, mas acredita-se que fatores
hereditários e genéticos estejam envolvidos. Circunstâncias relativas ao
cotidiano da mulher também podem ser apontadas como fatores coadjuvantes, como
por exemplo: menopausa, pós-parto, período pré-menstrual, dupla jornada de
trabalho, estresse e situação de perda. Em geral, em algum momento da vida, uma
em cinco pessoas experimentará um episódio depressivo suficientemente sério para
conduzir ao tratamento. Esse pode levar de seis meses a vários anos e é feito
com a associação da psicoterapia com antidepressivos.
As disfunções sexuais, como a falta de desejo, dificuldade excitação
(lubrificação na mulher e ereção no homem), dificuldade para ter orgasmo, falta
de controle da ejaculação pelo homem etc, são queixas muito freqüentes na
população em
geral. A Dra. Carmita Abdo afirma que “se a prevalência de disfunção sexual é da
ordem de 40 a 50% na população em geral, estima-se que, entre pacientes
psiquiátricos esse índice seja ainda maior”.
Leia abaixo alguns fatores que podem prejudicar a função sexual, que constam no
folheto de orientação ao paciente, produzido pela equipe médica da Libbs
Farmacêutica:
-
Doenças físicas (diabetes,
hipertensão, problemas cardíacos, colesterol alto, hormônios baixos etc);
-
Questões de ordem psíquica
(depressão, ansiedade, estresse, pânico etc);
-
Hábitos de vida não saudáveis
(sedentarismo, uso excessivo de bebidas alcoólicas, fumo, obesidade, uso de
drogas etc);
-
O uso de certos medicamentos
(entre os quais vários antidepressivos) pode levar à diminuição do interesse
pelo sexo e comprometer o desempenho sexual. Por essa razão, é importante
comunicar ao médico a presença de problemas sexuais, se eles já existirem,
para que o tratamento a ser indicado leve em consideração essa informação,
para não agravar o problema na esfera sexual.
Vale lembrar que a depressão é uma doença que pode acarretar sérios danos e que
só o médico pode avaliar qual o tipo de antidepressivo melhor para cada caso e
para cada fase do tratamento. É o médico quem deve ponderar, junto com o
paciente, as vantagens e desvantagens das diferentes possibilidades de
tratamento para cada paciente.
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Fonte: Pauta postada em: 08/12/2004 - http://www.comunique-se.com.br |
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