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Expectativa de vida: 71,3 anos

 

Segundo o IBGE, expectativa aumentou 0,3 ano em 2003, mas
poderia ser bem maior se houvesse menos mortes violentas


Por Luciana Nunes Leal


A expectativa de vida da população brasileira aumenta a cada ano e atingiu 71,3 anos em 2003, mas poderia ser bem maior, de 73,8 anos, se não houvesse tantas mortes violentas no País.

Divulgada ontem pelo IBGE, a Tábua de Vida mostra que, entre 2002 e 2003, os brasileiros ganharam 0,3 ano na esperança de vida ao nascer, mas que a alta mortalidade de homens jovens impede um crescimento maior. Eles são as maiores vítimas das mortes por causas externas, como homicídios e acidentes. Um rapaz de 25 anos de idade tem 3,79 vezes mais chances de morrer do que uma moça da mesma idade. O mais preocupante é que a diferença está aumentando: em 2002, as chances eram 3,67 vezes maiores.


"As mortes violentas impedem que o Brasil dê um salto maior", resume o coordenador da pesquisa, Juarez de Castro Oliveira, demógrafo da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE. Segundo Oliveira, o Brasil subiu duas posições no ranking de expectativa de vida das Nações Unidas, com 192 países, mas a situação ainda é desfavorável: o País passou de 88.º em 2002 para 86.º no ano seguinte.


Enquanto o Japão já passou dos 81,6 anos de expectativa de vida, o Brasil só deverá atingir os 80 anos em 2040.


A divulgação anual da Tábua de Vida é obrigatória por lei porque a pesquisa é uma das bases usadas pelo Ministério da Previdência para o cálculo do fator previdenciário, que define os valores das aposentadorias. O detalhamento sobre a probabilidade de morte e a esperança de vida em cada faixa etária também é importante para a elaboração de políticas públicas de saúde.

Entre 1980 e 2003, os brasileiros ganharam 8,7 anos de vida, mas as mulheres tiveram ampla vantagem nesse aumento: ganharam 9,5 anos, enquanto entre os homens a expectativa de vida cresceu 7,9 anos. Se em 1980 as mulheres viviam em média 6 anos a mais que os homens, atualmente são 7,6 anos a mais.


Pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), o sociólogo Gláucio Ary Dillon Soares está convencido de que campanhas distintas são capazes de diminuir diferentes tipos de mortes violentas, dos assassinatos aos acidentes de trânsito. "As mortes por causas externas respondem bem a políticas públicas adequadas", afirma.


Segundo Soares, entre 1979 e 2001, houve 1,2 milhão de mortes por acidentes de trânsito no País e 600 mil por homicídio. "Mas os acidentes estão diminuindo e os homicídios, aumentando", acrescenta. Em todo o País, segundo o professor, evitaram-se entre 4 mil e 5 mil mortes em 1998, com a entrada em vigor do código mais rigoroso de trânsito. Da mesma forma, Soares diz que os homicídios também podem ser reduzidos e acredita no resultado a médio prazo da campanha do desarmamento.


"O impacto da mortalidade dos homens jovens continua a afetar a expectativa de vida", diz o demógrafo Juarez de Castro Oliveira, citando os cálculos que fez sobre probabilidade de morte. A chance de um homem de 25 anos morrer, em 2002, era de 3,3 por mil. Entre as mulheres, de apenas 0,9.


Em
2003, a probabilidade era a mesma para os homens, mas tinha diminuído entre as mulheres para 0,87 por mil. É uma redução relevante para o espaço de apenas um ano. A Tábua da Vida indica também a esperança de vida por faixa etária e, mais uma vez, a diferença entre a população feminina e masculina é grande. Um rapaz de 20 anos tem expectativa de mais 51 anos de vida, enquanto uma moça da mesma idade a esperança de vida é de 57,8 anos.


A Síntese dos Indicadores Sociais divulgada em abril pelo IBGE mostrou que, em 20 anos, a taxa de homicídios no Brasil aumentou 130%, passando de 11,7 por cem mil habitantes em 1980 para 27 por cem mil em 2000. Neste mesmo período, houve 2 milhões de mortes por causas externas no País.

 

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Fonte: O Estado de S. Paulo, 2/12/2004, reproduzida no JC e-mail 2659, de 02/12/2004.