Teste ajuda detecção precoce de câncer de
mama
Após análise, Fiocruz aprova
dispositivo descartável e
sugere seu uso em áreas que
não têm mamógrafos
Por Fabiana Cimieri
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aprovou a importação de um
dispositivo descartável que pode auxiliar no diagnóstico precoce do câncer de
mama, especialmente nos municípios mais pobres, que não possuem mamógrafo.
Em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o mastologista e
pesquisador da Fiocruz Roberto Vieira coordena um estudo que avalia a precisão
do dispositivo: "Apesar da análise ainda estar em andamento, já podemos dizer
que é válido e recomendar ao governo e os municípios a importação".
Vieira ressalta que o Breast Care, produzido nos EUA, não substitui a mamografia,
mas ajuda no diagnóstico precoce. "Apenas 10% dos municípios possuem mamógrafos,
são cerca de 600 mamógrafos em todo o país."
As vantagens do Breast Care sobre os métodos existentes é o custo e a
praticidade. Além disso, o mamógrafo exige treinamento dos médicos para operá-lo
e para diagnosticar o resultado, e recursos para a compra de filmes.
Além de ser usado com sucesso em outros países, o Breast Care já foi aprovado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Quanto antes forem
importados, melhor. A cada ano, 40 mil casos de câncer de mama são
diagnosticados e 10 mil mulheres morrem por causa da doença. Não estamos
conseguindo diminuir esse número", diz Vieira.
O dispositivo descartável é formado por um par de discos com uma almofada feita
de um material capaz de isolar o calor. A elevação da temperatura é um dos
indícios de proliferação de células cancerosas pelo corpo.
Segundo Vieira, o dispositivo para diagnóstico do câncer de mama pode ser
comparado a um teste de gravidez de farmácia, ou seja, é um indicativo e não
substitui a mamografia, biópsia ou ressonância magnética, métodos mais precisos
de detecção da doença.
"Não existe prevenção, o que existe é detecção precoce", alerta Vieira. "Em 60%
dos casos que chegam aos hospitais, o câncer está em estágio avançado, quando as
chances de cura são reduzidas ou nulas."
Grupo de risco
O Inca recomenda que as mulheres entre 50 e 59 anos façam uma mamografia ao ano.
Nos países desenvolvidos, a orientação abrange uma faixa maior, dos 40 aos 69
anos. De acordo com o mastologista brasileiro, o tumor começa a se desenvolver
dez anos antes de poder ser diagnosticado por qualquer método existente.
Se for diagnosticado entre o 10.º e o 13.º ano, as chances de cura são grandes.
Depois disso, o tumor se espalha pelo resto do corpo e os tratamentos mais
agressivos, como quimioterapia e radioterapia, garantem apenas a sobrevida do
paciente.
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Fonte: O Estado de S. Paulo, 31/1/2005, reproduzida no
JC e-mail 2698, de 31/01/2005. |