
Mapa de DNA leva à origem das doenças
’Criamos o primeiro mapa
detalhado das variações genéticas comuns em seres humanos’
Por Steve Connor
Uma análise das diferenças genéticas entre três grupos étnicos deu a cientistas
um dos maiores insights sobre a natureza de algumas das mais graves doenças da
era moderna, de ataque cardíaco a desordens mentais. Os pesquisadores
identificaram a menor variação possível no DNA de 71 indivíduos de origem
européia, africana e chinesa com o objetivo de descobrir o papel dos genes em
doenças comuns a toda a Humanidade.
Trata-se do primeiro mapa detalhado de alguns ‘letreiros genéticos’ considerados
chave em grupos de origens étnicas distintas.Esses sinais, acreditam os
cientistas, podem apontar as causas e os tratamentos de algumas das doenças mais
comuns, entre elas diabete e câncer.
Tais mapas podem ajudar os médicos a prescrever drogas mais eficazes, voltadas
para um perfil genético específico. Podem ajudar também a entender por que
algumas pessoas têm uma tendência maior a determinadas doenças do que outros
indivíduos. ’Criamos o primeiro mapa detalhado das variações genéticas comuns em
seres humanos’, afirmou David Hinds, da empresa de biotecnologia Perlegen
Sciences, da Califórnia.
Hinds alertou, entretanto, que a pesquisa não deve ser usada para embasar
classificações raciais porque todas as diferenças genéticas detectadas entre
grupos étnicos são relativamente pequenas, uma vez que todos os seres humanos
compartilham mais de 99,9% de seu DNA. Ele afirmou ainda que a análise das
diferenças genéticas não irá resolver a questão sobre as raças serem um fenômeno
biológico genuíno ou um produto cultural.
’Nosso estudo foi feito para nos ajudar a entender padrões de variações
genéticas comuns que perpassam as populações’, afirmou Hinds. ‘As pessoas não
podem usar nossos dados para dizer que existem raças ou que não existem raças.
Mas podem ser usados para determinar que tratamentos podem ser usados, baseados
em diferenças fisiológicas causadas por variações genéticas.’
O estudo, publicado na ‘Science’, se concentrou em identificar a menor variação
possível a distinguir cada um dos 71 indivíduos no estudo. Eles mapearam 1,58
milhão de variações nos genes. A maioria dos 1,58 milhão é comum aos três grupos
étnicos. Os cientistas acreditam que a razão pela qual certas pessoas respondem
bem a certas drogas, enquanto outras não, é em grande parte relacionada a essas
diferenças. Elas também explicariam por que algumas pessoas têm câncer muito
jovens, enquanto outras com um estilo de vida menos saudável não têm problemas
de saúde.
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Fonte: ‘The Independent’, de Londres, O Globo,
18/2/2005, reproduzida no JC e-mail 2709, de 18/02/2005. |