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Apesar dos cuidados, elas ainda adoecem mais

Longevidade maior acaba resultando em problemas de saúde; abortos
clandestinos e câncer são causas comuns de morte

Renata de Gáspari Valdejão

Se, por um lado, o avanço da ciência permitiu que algumas doenças fossem erradicadas do país, por outro, a saúde geral da população tem piorado. Uma das principais causas é o estresse cotidiano das grandes cidades. Esse é um dos grandes motivos pelos quais a procura por terapias complementares e alternativas cresce ano após ano. A mulher é a que mais se preocupa com isso. "Cerca de 70% do público da medicina complementar é formado por mulheres", estima o ginecologista Paulo Farber, presidente da Associação Brasileira de Medicina Complementar.

Na lista das terapias preferidas por elas entram acupuntura, nutrologia, medicina ortomolecular, fitoterapia e homeopatia, entre outras. "A medicina complementar não trata as doenças, mas procura melhorar a saúde dos pacientes e sua capacidade de reagir a elas", explica Farber. Segundo ele, a preocupação feminina com medidas preventivas em saúde vem de um condicionamento cultural constante: a mulher é acostumada a cuidar do corpo. "Desde cedo vai ao ginecologista. Se engravida, faz o pré-natal. Ela é dirigida para isso, preocupa-se com a prevenção. Já o homem só vai ao médico se estiver doente", pondera.

Exercícios

Engrossa a lista de terapias procuradas por elas a ginástica holística, método de exercícios desenvolvido na Europa que visa corrigir a postura e prevenir o aparecimento de problemas de saúde. Aplicado por especialistas da área de saúde, o método tem 80% de seu público formado por mulheres, de acordo com Patricia Lacombe, presidente da Associação Brasileira de Ginástica Holística. Segundo ela, a técnica, que exercita todos os músculos do corpo, proporciona grande melhora para problemas como ovário policístico e cólicas menstruais. "A resposta é muito positiva nos órgãos reprodutivos."

Morbidade

Apesar de toda essa inclinação para a prevenção, pesquisas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a mulher adoece mais do que o homem. "Isso já está comprovado. A mulher vive mais do que o homem e por isso está mais propensa a sofrer de problemas crônicos associados à idade", afirma Elenice Ferraz, professora titular de ginecologia e obstetrícia da Universidade de Brasília (UnB).

Segundo ela, a fisiologia feminina também contribui para aumentar a taxa de morbidade das mulheres. "As doenças sexualmente transmissíveis [DSTs] são mais fáceis de ser adquiridas por elas, por causa de suas características físicas", diz. Outro agravador da saúde da mulher é o estresse gerado pelo excesso de trabalho, dentro e fora de casa.

As doenças mais prevalentes nas mulheres são as DSTs, o câncer de mama e o de cólo de útero, nas mais jovens; e problemas cardiovasculares, osteoporose e Mal de Alzheimer, nas idosas. Na área da saúde sexual e reprodutiva, a mortalidade materna assusta. A taxa mais recente, de 2002, é de 53,63 mortes por 100 mil nascidos vivos. O número pode ser maior, devido à expressiva subnotificação. Nos países desenvolvidos, o índice não passa de 20.

Somado a isso, o aborto clandestino é a quarta causa de mortalidade materna no país. Menos de 20% das mulheres realizam o exame de papanicolau, e 65% delas não adotam nenhuma medida para se proteger do HIV, segundo dados do Ministério da Saúde.

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Fonte: Folha de S.Paulo (8/03/05), reproduzida em http://www.unb.br/acs/unbcliping/cp050308-04.htm