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O coração delas também adoece 

 

Por Cinthya Leite - pesquisadora mentora

 A reportagem de capa da Revista Veja (2/3/2005), entre outros assuntos, traz à tona a descoberta de especialistas da Universidade John Moores, na Inglaterra. Eles dizem ter descoberto que uma das principais razões pela qual a mulher (nos países em desenvolvimento) pode viver até seis anos mais do que o homem está relacionada à curva de envelhecimento do coração das mulheres, que - segundo a pesquisa - é muito mais suave do que a dos homens.
 
E mais: os pesquisadores dizem que, ao chegar aos 70 anos, o coração masculino pode ter perdido 25% da capacidade de bombeamento sanguíneo; o feminino pode atingir a mesma idade praticamente sem danos. Tudo bem que o estudo alerta para o fato de que o homem perde as células musculares de forma mais rápida em comparação ao grupo feminino, mas não aborda que o envelhecimento do músculo cardíaco também é uma problemática para as mulheres.   

Foi por isso que, como revelam as informações do site da BBC Brasil (www.bbcbrasil.com.br), a diretora do centro de estudos britânico International Longevity Centre UK, Suzanne Wait, fez questão de abordar que as mulheres ainda morrem de doenças cardíacas. “É importante ter em mente que, mesmo que esse estudo seja verdadeiro, não se reconhece com freqüência que as mulheres também têm doenças cardiovasculares", disse Suzanne à BBC. 

Pois é, elas também sofrem do coração. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), aconteciam nove infartos em homens para cada caso feminino há dez anos; hoje, são seis pacientes do sexo masculino para cada quatro mulheres com a doença coronariana.  

Em setembro do ano passado, a campanha Coração de Mulher (do laboratório Pfizer, com apoio científico da SBC) bateu na seguinte tecla: o número de mortes por problemas cardiovasculares em mulheres é seis vezes maior do que os provocados pelo câncer da mama. Porém, é mais comum a mulher se preocupar com a possibilidade de desenvolver um tumor no seio do que com o risco de sofrer um infarto ou um acidente vascular cerebral.  

O importante mesmo é ter na mente que, independente do sexo, a idade é o maior fator de risco cardiovascular. É por isso que, cada vez mais, os geriatras e gerontólogos insistem em falar sobre os fatores de risco (sedentarismo e hábitos alimentares inadequados são os principais) que levam às doenças cardiovasculares.  

Os problemas circulatórios e cardíacos, de acordo com as pesquisas mais recentes, costumam acontecer com maior freqüência a partir dos 35 anos nos homens e depois dos 45 nas mulheres. A razão dessa diferença é o estrógeno – pesquisas mostram que esse hormônio (que todas as mulheres têm até o início da menopausa) é uma arma natural contra o enrijecimento das artérias (pode até ter surgido daí o resultado da pesquisa da Universidade John Moores). 

É bem verdade que as patologias cardíacas são mais discutidas na atualidade, mas o artista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) já mencionava, com base no próprio trabalho de dissecação de seres humanos, que a causa do envelhecimento são as “veias que devido ao espessamento das túnicas, que ocorre nos idosos, limitam a passagem do sangue e, como resultado desta falta de nutrição destroem a vida dos idosos, que enfraquecem pouco a pouco em uma morte lenta.” 

Hoje, já se confirmam os escritos de da Vinci: o artigo Envelhecimento Cardiovascular (publicado no Tratado de Geriatria e Gerontologia – editora Guanabara), de Abraão Affiune, professor de semiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Goiás, considera que o número de células miocárdicas não aumenta após o nascimento. Conclusão: o coração (de homens e de mulheres) sofre significativa redução da capacidade funcional com o envelhecimento.  

E vem o ‘coração senil’, que sofre alterações mesmo sem doenças de ordem grave, segundo Abraão Affiune. Quer saber, então, como evitar os contratempos e cuidar da saúde cardiovascular? Não deixe de controlar o peso, de fazer exercícios regularmente, de investir em uma nutrição saudável e de tirar o cigarro da vida.  

Está certo, é difícil colocar em prática essas dicas diante da vida agitada. Mas quando se trata de saúde, fazer um ‘tiquinho de nada’ significa muito: apenas 30 minutos de caminhada todos os dias ajuda a ter um coração saudável por toda a vida. E outras atividades divertidas também, como esportes de praia, natação, ciclismo, golfe, dança, jardinagem e até atividades domésticas. Quer tirar a prova dos nove? Está tudo bem explicadinho no portal da SBC (www.cardiol.org.br). Navegue por lá, cheque sua saúde e boa longevidade!