Tai Chi Sênior
Sem movimentos complicados, técnicas orientais como o
Cinthya Leite – pesquisadora mentora Até parece um jogo corporal, mas são gestos coreografados que funcionam como atividade física. Há sessões de alongamento, de trabalho respiratório e de consciência corporal. É o tai chi chuan, um exercício que mescla conceitos da filosofia, da medicina, de ginástica e artes marciais. Embora tenha sido originada há mais de dois mil anos a.C., apenas agora os especialistas começam a perceber que se trata de uma modalidade benéfica para os idosos. “O retorno do tai chi chuan, nessa faixa etária, é positivo porque combate as perdas relacionadas com o envelhecimento”, afirma o professor de educação física Márcio Pereira, da Universidade de Brasília (UnB). “Os praticantes percebem que há melhora do equilíbrio, do controle mental e da flexibilidade”, continua Márcio, que – junto com os pesquisadores Lucy Gomes e Luís Otávio Assumpção – é autor de estudo sobre o assunto recém-publicado na revista digital Lecturas Educación Física y Deportes. Segundo explica, é uma atividade que desperta o interesse das pessoas mais velhas porque não exige passos complicados. “Elas apenas têm que reproduzir movimentos semelhantes aos que fazem durante o dia, como carregar compras, varrer a casa e subir escadas.” O engenheiro Fernando Gusmão, 60 anos, confirma que o tai chi chuan traz mesmo vantagens. “Comecei a me dedicar à modalidade há dez anos, quando passei a ter pressão alta. Após seis meses, a hipertensão melhorou e fiquei mais equilibrado emocionalmente”, relata Fernando, que – de praticante – virou instrutor. “Os alunos que fazem os exercícios com freqüência passam a ter as defesas orgânicas reforçadas, pois relatam diminuição de problemas relacionados a doenças infecciosas”, completa. Segundo o resultado da pesquisa publicada na Lecturas Educación Física y Deportes, a prática regular produz efeitos favoráveis na função cardiovascular e na pressão arterial de idosos. Mesmo assim, verificou-se que os resultados produzidos pelo tai chi chuan são menores que os das atividades aeróbicas padrão, como caminhadas. A recomendação, então, é praticar a arte marcial junto com algum exercício regular aeróbico moderado. É assim que os resultados são propícios para os mais velhos, cuja coordenação motora e capacidade respiratória se tornam mais fortalecidas. “O tai chi chuan promove maior oxigenação sangüínea e rejuvenescimento celular. É uma desintoxicação do organismo”, explica a professora da atividade Patrícia Breda. Prevenir ou curar? “A atividade age bem mais como um recurso preventivo, pois são criadas condições orgânicas favoráveis a partir da meditação, elemento-chave dessa arte marcial”, assegura Patrícia. Nesse sentido, o principal fator observado, nas pessoas idosas, é a junção do ganho de força, de coordenação e de flexibilidade. “É assim que se desenvolve a autodefesa. Por isso, a prática regular sugere possível redução de quedas, um problema comum entre os indivíduos mais velhos.” De acordo com o professor de educação física Márcio Pereira, estudos mostram que, se realizado por um ano (numa média de quatro vezes por semana), o exercício melhora significativamente a força dos músculos dos joelhos. “Uma prova de que, além de evitar as quedas, a atividade pode ser útil para portadores de doenças reumáticas, como osteoporose, artrite e artrose”, garante Márcio. Não há indícios, no entanto, de que o tai chi chuan possa diminuir o estrago da cartilagem e do osso, mas pode agir como terapia coadjuvante. O melhor é que, segundo os especialistas, a atividade não possui contra-indicação, já que se resume a movimentos suaves. E mais: os benefícios não se limitam aos ganhos físicos, já que os praticantes relatam aumento do bem-estar, diminuição da ansiedade, aumento da confiança e da concentração.
Recupere as energias com o tai chi chuan: Por que é indicado para os idosos? O tai chi chuan tem se mostrado efetivo para combater problemas que aparecem na velhice, como perda da força muscular, do equilíbrio e da coordenação motora. Assim, diminui o risco de quedas, um dos acidentes mais comuns nos idosos (as estatísticas mundiais mostram que um em cada três indivíduos com mais de 65 anos cai anualmente). A atividade também pode ser indicada para as pessoas mais velhas que se queixam de depressão e têm dificuldade para se concentrar. Como são os exercícios? Desde que foi criado, o tai chi chuan mescla a ioga ao exercício "wuqinxi" (jogo dos cinco animais) , que comporta exercícios em pé, sentado e deitado, atividades para os braços e as pernas, além de exercícios respiratórios. São exercícios estruturados, em séries simples e executados de forma lenta, juntamente com a meditação. Quais as fases do tai chi chuan? Antes de tudo, é feito um aquecimento – alongamentos integrados com exercícios de respiração e de consciência corporal. Uma técnica bastante usada é o Yijinjing, que significa "Tratado de Alongamento e Flexibilidade". O praticante tem que repetir as seqüências de alongamento dos monges budistas. Dentro do trabalho específico, a Academia Chinesa de Artes Marciais estabelece uma série de 24 movimentos, que incluiu exercícios dos vários estilos do tai chi chuan. A última etapa da prática é o relaxamento: são exercícios de descontração psíquica e muscular associados à meditação e à massagem. Onde praticar? No Recife, as aulas são ministradas pela Nagai (3341-1285), pela Quintessência (3423-5653), pela Associação de Artes Marciais (3423-3733) e pela Actos (3429-2569). Já no Parque da Jaqueira, o professor Fernando Gusmão (9976-2586) oferece aulas gratuitas. _______________________ Fonte: Jornal do Commercio, 13/02/2005 |