Osteoporose: Nilza Aparecida de Almeida Carvalho - carvalhopc@uol.com.br Ao procurar responder ao problema desta pesquisa – qual o nível de informação sobre a osteoporose - buscou-se em um primeiro plano encontrar na literatura existente o que há sobre ela, descrevendo sua caracterização, percepção dos sintomas e diagnóstico. Para tal optou-se por uma abordagem quantitativa, uma vez que esta nos permite, a partir da extensão do fenômeno, aprofundar outras questões envolvendo a situação osteoporose a partir de uma análise qualitativa. Para tal, levantou-se junto à grande imprensa o que ela vem divulgando em relação à osteoporose. Optou-se pelo jornal diário Folha de S.Paulo, um dos veículos de comunicação de maior circulação no país, com um grande impacto na formação da opinião pública dos brasileiros, analisando-se 73 reportagens publicadas entre 2000 a junho de 2004. A seguir foi aplicado um questionário contendo nove perguntas, entre abertas e fechadas, divididas em dois domínios: dados sócio-econômicos e nível de informação sobre a doença, a 150 mulheres acima de 60 anos, usuárias do serviço de reabilitação da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pelo Sistema Único de Saúde, durante o mês de dezembro de 2003. As respostas obtidas foram analisadas e comparadas entre si, através do Statistic Program for Social Science (SPSS) que classificou em seis subgrupos, dos quais selecionou-se os dois mais numerosos. Destes, três idosas de cada um deles, totalizando seis, foram escolhidas aleatoriamente para oferecer seus depoimentos quanto a como obtinham as informações sobre osteoporose e suas impressões sobre o processo. Os resultados obtidos especificam a população que freqüenta o serviço de reabilitação da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e, ao mesmo tempo, representam uma fotografia do atendimento que lá recebem e de como percebem a informação recebida dos profissionais da saúde. Observou-se que das 150 mulheres, mais de 50% estão entre 60 e 70 anos, sendo 116 brancas, 13 negras e 21 pardas. Do total, 22% são solteiras, 40% casadas e 31% viúvas. A grande maioria (82,70%) tem um rendimento entre 1 e 3 salários mínimos. Entre as mulheres que se classificaram como negras, 15% consideram-se analfabetas e 85% dizem ter estudado somente até a 4a. série. O mais alto nível de escolaridade foi atingido pelas entrevistadas brancas. Apesar de 68% do total das idosas saberem o que é osteoporose, somente 34% recebeu esta informação através do seu médico e 50% não recebeu nenhuma orientação dos profissionais de saúde. Nesse ponto, percebe-se uma ambigüidade na interpretação das idosas em relação ao desempenho da função médica. Esses profissionais encontram-se divididos entre os que acreditam na importância de informar o paciente sobre o acontecido e os que se limitam a prescrever determinado tratamento. A maior orientação dada pelos médicos foi fazer fisioterapia (21%). Portanto, o profissional fisioterapeuta pode, dependendo do grau da doença, dar orientações quanto a exercícios de baixo impacto, prevenção de quedas e, na falta do terapeuta ocupacional, até sugerir adequações no espaço de moradia. Os cuidados com a alimentação, apesar de essencialmente importantes, não são citados nas orientações dadas pelos profissionais de saúde. Constatou-se que a comunidade à qual a pessoa pertence desempenha um papel fundamental no modo como o indivíduo obtém suas informações: a comunidade é ocasião e espaço onde as informações são trocadas e, na maioria das vezes, esses saberes ajudam inúmeros idosos a viverem melhor. Constatou-se que o médico, ainda que pouco fale sobre a doença, é a principal fonte de informação para as mulheres idosas. Embora a informação nem sempre seja convertida em efetivos hábitos de prevenção, o nível de escolaridade é fundamental para uma melhor compreensão da osteoporose. A prevenção, que supõe informação, é a melhor estratégia de enfrentamento da situação osteoporose.
CARVALHO, N. A. de A. Osteoporose: o que se sabe a
respeito da epidemia silenciosa? Análise do nível de percepção a respeito da
osteoporose em mulheres idosas na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
2005. 80f. Dissertação (mestrado). Programa de Estudos Pós-Graduados em
Gerontologia, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.
Orientadora: Beltrina
Côrte |