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Os diversos aspectos da velhice 

Maria Aparecida Ribeiro* - pesquisadora mentora
Diretamente para o Portal
 

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Uma série de fatores conjugados, entre os quais o melhor controle das doenças transmissíveis, a contenção de afecções crônicas, a melhora da qualidade de vida, têm favorecido o aumento da expectativa de vida das populações. Estes fatos, associados à redução das taxas de mortalidade e fertilidade, têm proporcionado aumento quantitativo e proporcional de idosos na sociedade. 

No Brasil, bem como em outros países em desenvolvimento, os cuidados específicos em relação à população idosa são precários. Isto é decorrência dos problemas sócio-econômicos e da existência de outras prioridades, como assistência materno-infantil e o combate às doenças infectoparasitárias. 

É preciso ver com naturalidade a velhice e não fugir dela, não tornando, assim, o seu “outonear” como uma fase de tortura. Consciente desta fase da vida, adequando-se à nossa realidade, isto é, convivendo com as limitações próprias desta fase, tornaremos, sem dúvida alguma, nossa vida mais alegre e saudável. Afinal, as pessoas aposentam-se do trabalho e da profissão, e não da vida. 

Devemos ver com naturalidade o idoso como ser humano – dançando livremente, nadando, fazendo excursões, namorando ou realizando qualquer atividade que a nosso enfoque seria incompatível com outra faixa etária. Permitamos, pois que ele libere suas emoções. 

O coordenador dos programas para a terceira idade não se deve dedicar a transplantar os conhecimentos, mas a partilhá-los. Deve ser companheiro do grupo, incentivando os idosos a lutar por melhores condições de vida. O coordenador deve estar consciente de que as informações que são transmitidas aos idosos muitas vezes têm de ser repetidas, até que eles reflitam e elaborem sua ação uma vez que percebem a realidade de forma alterada, apresentando problemas de percepção. 

Os conteúdos desenvolvidos nos programas para idosos devem aumentar as possibilidades individuais de atingir níveis mais avançados de consciência crítica para o exercício de cidadania, abrindo horizontes para acolher e assimilar traços de sua cultura. 

É de suma importância que os idosos sejam conscientizados quantos aos direitos e deveres que lhes são concedidos pelo Estatuto do Idoso. Este é um direito dos idosos e um dever dos coordenadores de programas de assistência à terceira idade. 

Os programas voltados para a terceira idade devem estar preocupados em fornecer subsídios para que os idosos conquistem novos espaços sociais, reivindicando e discutindo formas de melhorar a qualidade de vida dos mesmos, além de auxiliá-los a se adaptar às mudanças rápidas do mundo. 

Os idosos podem e devem prolongar suas possibilidades de autonomia, mesmo que haja restrições à independência. Aqueles que são parcialmente incapacitados fisicamente devem ser estimulados a manter as atividades que são capazes de executar, pois isso melhora sua auto-estima e ajuda a manter significado em suas vidas. 

Os profissionais que lidam com idosos não devem generalizar a velhice apenas como sinônimo de declínio, deficiências, emocionais, intelectuais e mentais, pois isso pode prejudicar seu trabalho. Nós profissionais que trabalhamos com idosos, devemos dissociar a doença do envelhecimento, ou seja, considerarmos que a pessoa está doente e também é idosa e não concluir que a pessoa está doente porque é idosa. 

Na velhice ocorrem perdas físicas. Essas perdas, associadas a eventos de vida indesejados e a experiências desagradáveis, podem transformar o envelhecimento em uma experiência difícil para muitos indivíduos. Mas existe uma grande variação entre as pessoas, nas formas e estilos de ajustamento às pressões e às perdas devidas ao envelhecimento.

É importante que o idoso esteja consciente dessas perdas e saibam lidar com esses fatos de uma forma que lhes permite evitar a depressão e a manter a auto-estima elevada. 

É importante estimular/incentivar ou permitir que o idoso tome decisões e assuma responsabilidades, sem tentar fazer tudo por ele, pois assim, ele se sentirá mais útil e o resultado será um aumento da auto-estima e confiança. 

Os idosos ativos são mais independentes, autônomos e sadios. 

Alguns estudos indicam que baixos níveis de saúde na terceira idade estão relacionados com altos níveis de depressão, angústia e baixos níveis de satisfação de vida e bem-estar subjetivos. 

Tomar conhecimento sobre as formas de prevenir e controlar déficits sobre problemas decorrentes de doenças e mesmo sobre as alterações fisiológicas e morfológicas do envelhecimento normal é importante para ter uma boa velhice, com saúde e desenvolvimento.

Boas condições de saúde física têm um efeito direto e significativo sobre a diminuição da angústia e estão relacionadas a altos níveis de integração social e de auto-estima. Daí a importância da atividade física regular para idosos, pois ela é fator importante na determinação das condições que promovem o aumento de sua capacidade geral de adaptação física e psicológica, ajudando a combater os efeitos de condições sociais e pessoais que tendem a gerar mudanças no senso de controle, na atividade e no envolvimento, como a aposentadoria, desemprego, diminuição da capacidade física. 

A atividade física regular e sistemática aumenta e mantém a aptidão física da população idosa além de melhorar o bem-estar funcional e diminuir a taxa de morbidade mortalidade entre essa população, devido às doenças coronarianas, à hipertensão, diabetes e ao câncer. 

Daí a importância de programas de educação para a saúde, envolvendo exercícios, dieta, auto cuidado e ensino de saúde associado à diminuição da pressão arterial e ao aumento na satisfação pelo contato social.  

Num país onde é grande a desigualdade social, infelizmente não é nenhuma novidade que a maioria dos idosos continuem vivendo com restrições, à falta de oportunidades devido à pobreza que agrava as dificuldades físicas e sociais da velhice.

A auto-estima de todos nós seres humanos, está intimamente relacionada com a resolução dos problemas com que nos defrontamos. Saber enfrentar as crises e tentar resolvê-las da melhor forma possível resulta em aumento da auto-estima. 

Para que a auto-estima não fique rebaixada, é necessário que os objetivos de cada pessoa sejam adequados a cada nova realidade. 

Nós profissionais que trabalhamos com a terceira idade, devemos tratá-los como pessoas adultas, responsáveis por seus atos, com direitos adquiridos sobre sua própria vida. Não devemos decidir por eles, tirando-lhes assim, a responsabilidade por suas decisões, em outras palavras, tratá-los como incapazes. 

Nunca devemos estimular o corpo jovem e sim o corpo saudável e em adequado funcionamento. Velhice não é estado de espírito, portanto, nada de exigir dos idosos para manter o “espírito novo”, pois assim, cai por terra todo o esforço em manter ou elevar a auto-estima do idoso. Temos que demonstrar que trabalhamos em prol da melhoria da qualidade de vida do idoso e não, para o “rejuvenescimento” da velhice. Antes de mais nada, é preciso gostar deles para ajudá-los a manter sua auto-estima elevada. Profissionais que têm dificuldades em aceitar o envelhecimento, vê a velhice como “condição negativa”, com certeza não conseguirá realizar um trabalho satisfatório. 

Cuidar do idoso significa, antes de tudo, entrar em contato com o nosso próprio processo de envelhecimento, sentir a dimensão do tempo, da realidade nos constituindo como ser, e estar consciente dos movimentos do ciclo da vida. 

Nossa questão não é como ajudar os idosos, mas como permitir que os idosos entrem no centro de nossas vidas, como criar espaço para que eles possam ser ouvidos.  

Cuidar dos idosos significa, primeiro de tudo, deixarmo-nos experimentar pelo envelhecer. Somente quem reconheceu a relatividade de sua própria vida pode ter um sorriso para alguém que está aproximando da morte. Neste sentido, cuidado! É primeiramente no caminho de nosso próprio envelhecimento que encontramos as forças para todos os que partilham a mesma condição humana.  

A depressão no idoso é vista como uma resposta não anormal às múltiplas perdas e estresses, associados ao envelhecimento. Isso inclui desolação, diminuição da atividade física, empobrecimento da saúde, restrição de oportunidades e desengajamento das principais atividades socioeconômicas. 

A atividade física é de extrema importância para a saúde psicológica do idoso: idosos fisicamente ativos tendem a ter melhor saúde, grande habilidade para lidar com situações de estresse, tensão e atitudes mais positivas para o trabalho, reforçando a correlação forte que existe entre a satisfação na vida e atividade física. 

Muitos idosos subestimam seus potenciais físico e motor em função do amplo sentimento negativo que vigora na sociedade a respeito da velhice, incorporando um sentimento de incompetência para o movimento. 

Sentimentos de auto-eficácia, quando presentes na prática da atividade física de idosos, levam-nos a sentirem-se competentes e capazes de lidar com as demandas do meio, aumentando sua interação com ele e sua auto-estima: os idosos perdem qualidade de vida porque não conseguem mais realizar tarefas que gostariam de realizar sem esforço.

 A depressão é um distúrbio do corpo como um todo 

Depressão: o pior dos ânimos. Sentir-se abatido, vazio. Problemas de memória. Muitas coisas simplesmente não lhe interessam mais. Dores e mal estar que vão e voltam. 

A depressão que persiste por semanas e meses é chamada de depressão clínica. 

A maioria das pessoas pensa que depressão é apenas tristeza e desânimo, porém a depressão clínica é muito mais que o abatimento que todos sentem de vez em quando e que passa com a visita de um amigo ou com um bom filme. Depressão é também mais que um sentimento de luto pela perda de alguém que você ama. Nesta situação, o humor deprimido é, em muitas pessoas, uma reação normal. Elas podem encontrar consolo participando de grupos de viúvos, onde possam conversar com pessoas que estão passando por experiências semelhantes. Entretanto, o humor deprimido persiste por algum tempo, seja em seguida a um evento particular ou sem razão aparente, a pessoa pode estar sofrendo de depressão clínica – uma doença que pode ser tratada com bons resultados.

Depressão e outras doenças 

Às vezes a depressão clínica pode parecer com outras doenças que produzem sintomas como dores de cabeça, dores lombares ou articulares, problemas digestivos ou outros tipos de mal-estar. Pessoas mais idosas, quando deprimidas, freqüentemente se queixam desses problemas ao invés de se queixarem de ansiedade, cansaço ou tristeza. 

Alguns sintomas de depressão, como lapsos de memória e dificuldade de concentração, podem imitar a doença de Alzheimer (um tipo de demência) ou outras doenças. Sintomas semelhantes podem ser causados por medicamentos freqüentemente usados por pessoas idosas. Portanto, para um diagnóstico adequado é importante submeter-se a um exame médico minucioso para que sejam excluídas outras doenças. Se os sintomas forem causados por depressão, melhorarão com o tratamento apropriado. 

Causas da depressão 

Há muitas causas de depressão. Algumas pessoas ficam deprimidas devido à combinação de várias causas. Em outros casos, a depressão parece ser desencadeada por uma única causa. Alguns pacientes ficam deprimidos sem razão aparente. Independente da causa, a depressão precisa ser diagnosticada e tratada.  

Doenças prolongadas ou súbitas podem acarretar ou agravar a depressão. Derrame cerebral, certos tipos de câncer, diabetes, doença de Parkison e distúrbios hormonais são alguns exemplos de doenças que podem estar relacionadas aos distúrbios depressivos. 

Um dos maiores obstáculos para se obter ajuda contra a depressão clínica pode ser a atitude da própria pessoa. Muitas acham que a depressão desaparecerá sozinha ou que estão muito velhas para serem ajudadas ou que procurar ajuda é sinal de fraqueza. Tais pontos de vista são totalmente errados. A depressão é uma doença que tem tratamento. Mesmo a pessoa mais deprimida pode ser tratada com sucesso, freqüentemente em questão de semanas, retornando a uma vida mais feliz e gratificante. A melhora é grande, mesmo quando sentindo-se desamparadas e sem esperança. 

Há três tipos de tratamento para a depressão clínica: medicamentos, psicoterapias e, em alguns casos, outros tratamentos biológicos. Às vezes pode-se usar uma associação de tratamentos. 

Psicoterapia 

Conversar com um terapeuta experiente pode também ser útil no tratamento de certos tipos de depressão, especialmente na depressão leve. Terapias breves (geralmente com 12 a 20 sessões), desenvolvidas para tratar a depressão, concentram-se na abordagem dos sintomas específicos da depressão.

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*Maria Aparecida Ribeiro, Economista Doméstica. Coordenadora do Programa de Atenção à Saúde do Idoso. Secretaria Municipal de Saúde de Ji-Paraná/RO. E-mail: maparibe@ig.com.br