Cerca
de 40% dos
medicamentos
usados
por
idosos
não
tem
prescrição
Pó
Dr. Luiz Freitag*
Na
série
de
artigos
sobre
medicamentos
(“Medicamentos
na
terceira
idade”,
“Iatrogenia”, “Todos
os
medicamentos
fazem
bem?”
) vamos
tratar
do
tema
que
se refere a
início
e
término
da ingestão de
medicamentos.
Nossos
leitores
habituais
já
sabem
que
somos
contrários
a
qualquer
auto-medicação
ou
compra
de
produtos
em
farmácias
que
empurram várias
vitaminas
e
outros
produtos
aparentemente
inócuos
a
baixos
preços,
mas
que
nenhum
efeito
benéfico
trazem ao
comprador
ou
até
podem
provocar
uma
interação
com
outros
medicamentos
que
o
paciente
realmente
necessita
tomar.
Infelizmente,
a aderência dos
idosos
a
tomar
medicamentos
é
maior
quando
a
propaganda
é
ilusória,
principalmente
veiculados
pela
televisão
ou
out-doors espalhados
em
pontos
estratégicos
em
vários
locais
das
cidades
ou
até
em
vias
municipais
ou
estaduais. E
quando
se
tratar
de
ingerir
um
medicamento
realmente
útil,
prescrito
pelo
médico,
a aderência tende a
ser
menor,
principalmente
em
casos
de
hipertensão
arterial.
O
paciente
pensa
que
se a
sua
pressão
arterial
já
chegou ao
nível
recomendado
pelo
médico
poderá
suspender
o
medicamento,
o
que
é
um
grande
erro,
pois
é essa
droga
que
está promovendo a
manutenção
da
pressão
arterial
em
níveis
adequados à
sua
idade.
Estatísticas
recentes
informam
que
40% de
medicamentos
que
os
idosos
tomam
não
são
prescritos
por
médicos,
principalmente
analgésicos.
Por
exemplo:
o
ácido
acetil-salicílico (AAS) pode
ocasionar
efeitos
colaterais
graves,
como
sangramentos
por
úlcera
no
estômago.
O
uso
de
muitos
antidepressivos
pode
aumentar
a
retenção
de
urina
em
idosos,
devido
ao
já
existente
aumento
benigno
da
próstata
(hiperplasia
benigna).
Outro
medicamento
muito
usado
para
tratamento
de
surtos
psicóticos
é o haloperidol,
que
pode
provocar
excitação
constante
por
excesso
de
dosagem,
causando o
efeito
contrário
ao esperado
pelo
medicamento.
E o
que
dizer
quando
o
paciente
cessa de
tomar
o
medicamento
por
conta
própria?
Já
citamos o
caso
dos
hipertensos,
mas
há
produtos,
como
os benzodiazepínicos,
em
geral,
dos
quais
o
mais
conhecido
e utilizado é o
genérico
fluoxetina,
muito
receitado
em
casos
de
depressão.
O
que
pode
ocorrer,
se o
paciente
suspender
esse
medicamento,
sem
acompanhamento
médico?
Surgirá uma
síndrome
de
abstinência,
com
insônia,
irritabilidade, perturbação do
humor
diário,
com
tonturas,
vertigens
e
até
tremores,
perdurando
por
várias
semanas
e,
com
isso,
voltará a
depressão.
Nesses
casos,
o
médico
deve
iniciar
a
suspensão
progressiva
do
remédio,
com
pequenas
doses,
ajustadas
semanalmente,
até
chegar
o
momento
da
suspensão
definitiva
e,
mesmo
assim,
o
paciente
ficará
sob
acompanhamento
médico
por
mais
um
mês,
pelo
menos.
Outras
substâncias,
como
calmantes
e
diuréticos
reunidos numa
mesma
fórmula
para
emagrecimento,
já
são
proibidas
pelo
Conselho
Federal
de
Medicina,
mas
apesar
disso continuam
em
circulação.
Com
tantos
esforços
de várias
áreas
científicas no
intuito
de
proporcionar
melhor
qualidade
de
vida,
é
lamentável
que
medicamentos
mal
receitados,
ou
vendidos
sem
controle,
venham a
prejudicar
o
prolongamento
de uma
vida
mais
saudável
para
os
idosos.
*Dr. Luiz Freitag é
geriatra
em
São
Paulo, co-fundador da
seção
São
Paulo da
Sociedade
Brasileira
de
Geriatria.
lvfreita@uol.com.br.
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Fonte:
http://www.vidaintegral.com.br/3aidade/medicamentos3.php |