Humor Links indicados Crônicas Cadastre-se!!! Links parceiros
Voltar
Imprimir Artigo
Cadastre-se

Envelhecimento e estresse

Fernanda Dias Francelino[1] - Diretamente para o Portal

A idéia de estresse que imediatamente nos vem à mente é a idéia da figura do homem moderno, cheio de atribuições, problemas de trabalho, de família, ou de finanças. Estresse é sinônimo de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Por isso a dificuldade das pessoas em compreender como o idoso pode estar em uma situação de estresse. Estresse para quem não trabalha? Mas como, se ele não possui problemas considerados ”estressantes”? Quem não é produtivo não se estressa.

A família do idoso muitas vezes não consegue compreender, uma vez que proporcionarrepouso e conforto” é estar em paz. E que assistem o idoso, imaginam que ele não tem o direito de reclamar, pois recebe alimentação, higiene, medicação e conforto de uma acomodação. Ter uma casa é muito diferente de ter um lar, cuja compreensão, carinho e respeito são constantes. Assim, podemos citar outro fator que tem como consequência o estresse crônico: a dependência na qual o idoso é submetido, a falta de objetivos de vida e de atividade que o faça se sentir valorizado como ser humano e, principalmente, a falta de atenção e afeto por parte da família que o leva a sentir-se como um fardo.

O idoso é colocado de forma que cause menos transtorno ao cotidiano da família Além de não ser permitido participar das decisões familiares, não raro, é colocado em uma depêndencia isolada da casa, ou em uma cadeira no cantinho da sala, ou mesmo é levado para uma instituição, longe dos olhos de todos. Isso nos mostra outra forma de estresse associado, em sua maioria das vezes, a depressão.

Sabemos que estados emocionais levam a respostas fisiológicas, e em especial no idoso a resposta fisiológica ao estresse acelera ainda mais o processo de envelhecimento, além de proporcionar a predisposição a várias doenças debilitantes. Isso ocorre devido aos efeitos da reação de estresse, que surge da seguinte maneira: uma situação estressante estimula determinadas áreas cerebrais, e este estímulo, por sua vez, desencadeia uma reação de liberação de vários hormônios. Um deles é o cortisol, que em excesso promove diversos efeitos que põem em risco a saúde do indivíduo. Dentre os vários efeitos deletérios do excesso de cortisol citamos a contribuição para o envelhecimento cerebral, que este hormônio diminui a utilização da única fonte de energia para o cérebro que é a glicose.

Muitas vezes o idoso não possui nenhuma doença debilitante, porém quando inserido em uma situação de estresse crônico, devido aos fatores mencionados acima, juntamente com a imobilidade, acaba se tornando predisposto ao aparecimento de várias patologias, como a hipertensão arterial.

Portanto, se estamos preocupados com qualidade de vida do idoso, deveríamos focalizar na prevenção, que além de ser muito mais simples, não possui custos altos. Não é necessário recorrer às tecnologias avançadas, medicamentos modernos e de alto custo, ou a instituições caras e luxuosas.

A prevenção do estresse na velhice não está do lado de fora da casa, está em uma simples atitude: carinho, atenção e respeito da família. Com isso, o idoso torna-se mais autoconfiante para buscar novas atividades que preencham seu tempo, e que, além disso, proporcionam novos objetivos na vida.


[1] Aluna do 8º Período do Curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Petrópolis- RJ