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Arte de Viver - Pushing hands, China, 1992

Profa. Dra. Vitória Kachar – pesquisadora mentora

Ang Lee é o genial diretor desta obra sensível e de outras como: “Comer, beber, viver”, “Banquete de casamento” (indicado a Oscar de filme estrangeiro), “Razão e sensibilidade”, que merecem um tempo para ver e refletir. Ele toca em assuntos familiares delicados, com os quais nos vemos envolvidos, enredados.  

Neste filme, ele diz das relações entre pai e filho, dos valores do ocidente em contraste com os do oriente, das relações e obrigações familiares. E principalmente, questiona as formas de conquistar uma velhice tranqüila e satisfatória. Mas, nem por isso deixa de denunciar o desajuste que pode ser para cada indivíduo ou família quando se depara com o seu velho na dependência afetiva e financeira. Aborda com transparência e sutileza o tema sobre o velho de cada família e nos deixa com esperança para uma vida melhor do longevo, desde que este novo velho se empenhe na construção deste espaço. Ninguém precisa ficar “paparicando” esse idoso, mas sim crer, que ele ainda tem forças físicas e psicológicas para descobrir qual é o seu caminho e seu espaço de ser na sociedade contemporânea.

Mr. Chu, viúvo, só e aposentado, inicialmente, pensa que este lugar encontra-se na casa do seu único filho Alex, com sua mulher e filho. Então, muda de sua cidade oriental para o encontro “ou confronto” com os valores ocidentais da moderna Nova York. O conflito cultural mostra-se identificado na incomunicabilidade com sua nora Martha, com seu modo americano de ser.

A nora escritora passa a precisar de mais espaço para se inspirar (e talvez, respirar), a casa fica apertada com a presença do sogro. Os dois iguais na teimosia, não fazem o mínimo esforço para compreender a língua e o universo do outro. As cenas caladas em que os dois estão na casa juntos, denunciam toda incompatibilidade de temperamentos, a pressão do ar parece maior do que o normal, simbolicamente retratada pelo acidente no forno micro-ondas. 

O filho fica com o coração dividido entre esses dois mundos. Afinal, filho da China carrega todas as tradições seculares, porém adaptado à sociedade americana. Perguntas assombram seu sono: Como deve se comportar um bom filho? O que deve fazer por seu pai idoso? Como conciliar sua relação familiar com a presença contínua do pai morando em sua casa?

Até que parece em cena a senhora Chen, habilidosa na culinária, que restitui um significado aos pares. O entendimento entre os dois é resultado da vivência de situação familiar similar; ela viúva, mora com a filha.

Assim, o filme se desenrola com fios tecidos nas relações familiares, onde a conciliação surge da transformação de comportamento de cada um e na nova perspectiva de viver e encarar a velhice.