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Tratamento
Individualizado de
Paciente
Idoso
com
Vertigem
Postural: Relato de
Caso
Por
André Luís
Santos Silva e Elington L. Simões
Resumo
Vertigem é uma
falsa
percepção
de
movimento
(Herdman, 1994). A
manutenção
do
equilíbrio
corporal
é realizada
por
uma
interação
complexa
de
sistemas
(Freitas e Weckx, 1998). Participam dessa
interação
os
sistemas
vestibular,
visual
e proprioceptivo (Freitas e Weckx, 1998; Herdman, 1994, 1997; Ganança, 1998,
Woollacott e Tang, 1997). A
proposta deste caso-clínico é
descrever
a avaliação, o
tratamento
e
resultado
de uma
paciente
idosa
com
vertigem.
A
paciente,
sexo
feminino,
caucasiana,
74
anos,
apresentava
vertigem
postural decúbito-dependente
quando
associava hiperextensão do
pescoço.
Seus
exames
clínico
e fisioterápico, foram consistentes
para
vertigem
posicional de
origem
periférica.
Ela
foi
tratada
com
um
programa
de
exercícios
individualizados
para
movimento
dos
olhos
(Herdman, 1994),
exercícios
de Brandt-Daroff (1980) e
exercícios de condicionamento
geral.
Após
03
anos
e
meio
de acompanhamento, a
paciente
apresentou
melhora
da
vertigem
ao hiperextender a
cabeça
e ao
mudar
de
decúbito
lateral
esquerdo
para
sentada.
Ensaios
clínicos
randomizados,
série
de
casos
com
amostra
de
maior
tamanho
e acompanhamento a longo-prazo
são recomendados.
Introdução
A
vertigem de
origem
vestibular
pode
ser
secundária
a
doenças
sediadas
em
outras
partes
do
corpo
humano,
sendo
um
sintoma
muito
comum
na
rotina
clínica
da
otorrinolaringologia
e outras
especialidades
afins
(Ganança,1998). O
controle
de
pacientes
com
desordens
vestibulares
periféricas é
problema
complexo,
e vem tornando-se
cada
vez
mais
comum
nos
dias
atuais.
Estima-se
que
a
prevalência
das alterações do
equilíbrio
e
episódios
de
vertigem
seja 5% a 10% de
visitas
médicas ao
ano,
e acomete 40% das
pessoas
com
idade
acima
dos quarenta
anos
(Herdman, 1994). Ganança e Caovilla (1998), citam
que
a
vertigem
é o
sintoma
mais
comum
do
mundo,
sendo a
terceira
queixa
mais
freqüente
em
Medicina.
Acomete
mais
de 33% das
pessoas
em
alguma
época
de
suas
vidas;
a
sétima
queixa
mais
encontrada nas
mulheres,
afligindo 61% dessas
com
mais
de 70
anos;
presente
em
50% a 60% dos
idosos
que
vivem
em
suas
casas
ou
81% a 91% dos
idosos
atendidos
em
ambulatórios
geriátricos.
A
identificação da
vertigem,
secundária
à
patologia
vestibular
não
é
tarefa
fácil
(Herdman, 1994, 1997).
Mangabeira
Albernaz (citado
por
Ganança, 1998)
alerta
para
a
importância
de uma
história
clínica
bem-feita,
com
especial
atenção
aos
detalhes
dos
quadros
vertiginosos,
devido
à complexidade de
sistemas
envolvidos no
equilíbrio
humano.
O
tratamento das
desordens
vestibulares
também
tem sido
difícil.
Há sessenta
anos
atrás,
tratava-se
vertigem
com
secção
bilateral
do
nervo
vestibular
(Herdman, 1994).
Hoje,
o
controle
dos
problemas
vestibulares
é
mais
sofisticado. A
utilização
de medicação supressora do
ouvido
interno
e
outros
procedimentos
médicos
encontram-se
mais
desenvolvidos.
O
uso de
exercícios
como
modalidade
terapêutica
é o
terceiro
método
amplamente
utilizado na
atualidade.
Cawthorne e Cooksey (1946), na
década de quarenta, introduziram o
uso
de
exercícios
como
tratamento
dos
pacientes
com
distúrbios
vestibulares.
Entretanto,
apenas
recentemente,
os Fisioterapeutas se interessaram
em
tratar esta
parcela
de
pacientes
(Herdman, 1994). No Brasil, parece
que o
número
de Fisioterapeutas
atuantes
em
quadros
de
desordem
vestibular
ainda
é
bastante
reduzido.
Objetivo
A
proposta deste
estudo
de
caso
(Pereira,
1995), foi
descrever
a
intervenção
fisioterápica (avaliação,
tratamento e
resultado),
denominada
Reabilitação
Vestibular,
em
indivíduo
idoso
portador
de
instabilidade
postural
dinâmica
resultante
de
vertigem
posicional. Pretende-se,
portanto,
divulgar
a
importância
do
preparo
do
profissional
Fisioterapeuta,
frente
aos
distúrbios
de
origem
vestibular,
alertando-o
para
a
realização
de
exame
clínico
- fisioterápico e de
imagens
mais
objetivos
e abrangentes.
Justificativa
Considerando a
prevalência
alarmante
das
doenças
vestibulares
e do
equilíbrio
em
pessoas
idosas, e
que
muitos
desses
sintomas
apresentam-se
obscuros
quanto
às
suas
etiologias,
torna-se
imperioso
uma apreciação
diagnóstica
e
terapêutica
mais
completa
dos
componentes
do
ouvido
interno
por
parte
dos
profissionais
fisioterapeutas. O
tratamento
personalizado -Reabilitação Vestibular-,
específico
para
cada
indivíduo
(Ganança, 1998),
encontra
respaldo
em
vasta
literatura
mundial
sobre
o
assunto
(Ford-Smith, 1997; Di Fabio, 1997; Nuti, 1996; Horak, 1997; Herdman, 1997;
Shumway-Cook, 1997; Wolf, 1997; Enloe, 1997).
Materiais e
Métodos
O
trabalho
foi realizado
em
consultório
privado
e a
nível
domiciliar,
onde
a
paciente
aplicava,
após
treinamento,
os
exercícios
indicados. O
período
foi de
fevereiro
de 1996 (1º
episódio
de
vertigem)
a
julho
de 1999. A
paciente
tinha
74
anos,
sexo
feminino,
caucasiana
e queixava-se de
vertigem,
zumbidos
e “fraqueza”
nas
pernas.
Os
episódios
de
vertigem
eram provocados
quando
a
mesma
realizava uma hiperextensão da
cabeça e ao transferir-se de
decúbito
lateral
esquerdo
para
sentada.
Estes
episódios
resultavam
em
precárias
condições
para
o
desempenho
de
suas
atividades
de
vida
diária.
A
paciente
foi submetida à
exame
clínico-neurológico,
por
médico,
que
solicitou
tomografia
computadorizada da
região
cervical
e
crânio,
radiografia
simples
da
coluna
cervical
e Dopller de
artérias
carótidas
e vertebrais. E, num
segundo
momento,
foi solicitado
um
exame
otoneurológico
que
constava de rastreio
pendular,
provas
calóricas e rotatórias, vectoeletronistagmografia e
motilidade
ocular.
A avaliação fisioterápica consistiu de
exames oculo-motores,
amplitude
de
movimento
de
coluna
e
extremidades,
força
muscular, avaliação postural,
testes posicionais (Hallpike),
equilíbrio
estático
e
dinâmico,
marcha
e avaliação
funcional.
Após
todos
os
exames,
aplicou-se
tratamento
médico
com
drogas
supressoras da
atividade
vestibular,
nos
períodos
de
pico
da
crise,
associado
a
um
programa
fisioterápico de
exercícios
individualizados
para
movimento
dos
olhos
(Herdman, 1994),
exercícios
de Brandt-Daroff (1980) e
exercícios de condicionamento
geral.
O acompanhamento foi num
período
de
três
anos
e
meio.
Descrição
A
paciente foi acompanhada
com
dez
(10)
sessões
de
fisioterapia
no
consultório
e
supervisão
direta
de fisioterapeuta,
em
períodos
intercalados.
Em
1996, foi submetida, no
consultório, a vinte
sessões,
nos
meses de
fevereiro
(10) e
setembro
(10).
Em
1997, totalizaram quarenta (40)
sessões,
em
consultório,
nos
meses de
janeiro
(10),
junho
(10),
outubro
(10) e
novembro
(10).
Em
1998,
também
no
consultório,
foram
dez
(10) no
total,
somente
em
julho.
No
período
de
janeiro
a
julho
de 1999,
não
houve
necessidade
de
tratamento.
Ocorreu uma
revisão
em
janeiro
(1999), no
consultório,
e no
mês
de
julho
(1999),
por
telefone,
com
relato da
paciente
de 100% de
melhora
dos
sintomas.
O
período
durante
as
dez
(10)
sessões
realizadas
em
consultório,
e
nos
dez
dias
subsequentes a
alta,
a
paciente
realizava
exercícios
de
motilidade
ocular
e de condicionamento
geral
em
ambiente
domiciliar.
Houve
história
de duas (2)
quedas
da
própria
altura,
em
casa,
nos
meses de
abril
e
setembro
de1997,
onde
parece
não
ter
havido
correlação
com
episódios
de
vertigem
ou
na
realização
dos
exercícios
(segundo
informações
colhidas). A
paciente
foi encorajada a
continuar
o
programa.
Resultados
O
tratamento mostrou-se
eficaz
durante
o
período
de acompanhamento (3
anos
e
meio).
Observou-se uma redução
progressiva das
crises
vertiginosas,
principalmente
no
período
de 1998
até
metade
de 1999,
onde
a
paciente
queixou-se de
apenas
um
(01)
episódio.
Houve repercussão
favorável
e
direta
na
qualidade
de
vida,
com
redução de medicação anti-vertiginosa.
Discussão
Após
uma
série
de
crises
vertiginosas,
que
iniciaram
em
fevereiro
de 1996, atingindo
picos
graves
em
1997, o
tratamento
demonstrou
eficácia,
de
forma
progressiva,
conforme
relato da
literatura.
Em
geral,
os
pacientes
com
vertigem
(periférica)
são
mais
responsivos à
reabilitação
quando
tratados
durante
a
fase
aguda
(Ford-Smith, 1997). Existe
vasta
literatura
com
outras
abordagens
de
exercícios
personalizados
para
os
casos
de
vertigem
postural,
entretanto,
observa-se
um
consenso
de
que
o
melhor
resultado
é
dependente
da
habilidade
do
paciente
em
aderir
ao
programa
de
reabilitação
vestibular.
Conclusão
Este caso-clínico reporta uma
situação
onde,
na
presença
de
vertigem
postural,
um
programa
de
tratamento
individualizado utilizando
exercícios de
motilidade
ocular,
de Brandt-Daroff e
exercícios
de condicionamento
geral,
resulta
eficaz
no
combate
a esta
causa
de
instabilidade
postural.
Outro
fator
importante
foi a
oferta
de
um
programa
domiciliar
no
controle
e monitorização
diária
da
vertigem
crônica
produzindo
efeito
positivo
na
mudança
de
hábitos
do
paciente
e na
relação
da
equipe
biomédica
x
cliente
x
familiares.
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Fonte:
Hospital
Geral
de Ipanema.
Disponível
em:
http://www.fisionet.com.br/artigos_id.asp?id=105 |
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