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Idosos, vítimas do trânsito e das quedas

 

No Brasil, os jovens (15 a 29 anos) compõem o grupo com o maior número de mortes por causas externas: foram 46.421 óbitos, 39,5% do total só no ano 2000. Entretanto, estudo realizado por pesquisadores brasileiros em Atlanta (EUA), baseado em dados do Ministério da Saúde brasileiro (2000), apresentou números significativos relativos à terceira idade: para cada cem mil idosos, foram registradas 92,1 mortes relacionadas a violências e acidentes, coeficiente pouco inferior ao dos jovens (96,9/100.000).

 

Desenvolvida no National Center for Injury Prevention and Control Centers for Disease Control and Prevention (CDC - Atlanta, USA) e publicada na Revista da Associação Médica Brasileira (vol. 50, nº 1), a pesquisa analisou todos os casos de morte (13.383) e de internação hospitalar (87.177) por causas externas, que envolviam pessoas com 60 anos ou mais, registrados no Sistema Público de Saúde. Os dados são provenientes do Sistema de Informações de Mortalidade e Sistema de Informações Hospitalares.

 

O estudo mostra que a principal diferença entre os jovens e os idosos, nesse caso, são as causas que levam ao óbito. Na terceira idade, quase um terço dos casos está relacionado a acidentes de transporte (27,5%), sendo metade dessas vítimas constituída por pedestres (48,2%). Segundo a OMS (dados de 1998), 88% dos óbitos nessa categoria ocorrem nos países com baixa e média renda devido a maiores fatores de risco, além de dificuldades de acesso à assistência médica. O homicídio, principal causa entre os jovens, contribui com a fatia de 10,3%, quase quatro vezes menor que o registrado entre a população geral (38,3%).

 

Dentre as causas de internação, as quedas continuam a ser as principais vilãs, com 48.940 registros, 56,1% do total. Estas ocupam ainda o terceiro lugar na mortalidade (14,0%, com 2.030 casos). Das lesões causadas por esses acidentes, 68,3% constituíam fraturas, sobretudo no fêmur. “Além de significarem importante número de mortes, (as quedas) afetam substancialmente a qualidade de vida pela redução da mobilidade, independência e autoconfiança” alerta o estudo.

 

Por outro lado, a manutenção da qualidade de vida do idoso é importante inclusive para a economia. Dados do Censo 2000, apresentados na pesquisa, mostram que 61,7% dos idosos foram considerados responsáveis pelos domicílios e 17,9% moram em domicílios unipessoais. Os pesquisadores calcularam também o tempo médio de permanência hospitalar e constataram que apenas 2,2% dos pacientes ficam menos de um dia hospitalizados. A maior parte das internações foi de 1 a 3 dias (38,3%), seguindo-se o período de 4 a 7 dias (33,1%) e de 8 a 24 dias (24,0%).

 

A pesquisa afirma que a maior vulnerabilidade fisiológica dos idosos deve contribuir para as altas taxas de mortalidade e de morbidade por causas externas e chama a atenção fatores individuais relacionados à faixa etária: osteoporose, problemas visuais e neurológicos, declínio da função mental e uso de substâncias psicoativas. Apesar disso, continua, traumas e lesões não podem ser vistos como conseqüências inevitáveis da idade, “pois a premissa fundamental da saúde pública de que as causas externas podem ser previsíveis e, portanto, evitáveis, vale para todas as idades”.

 

Os pesquisadores citam como exemplos práticos de prevenção, que poderiam ser adotados pelo poder público, os mutirões de cirurgia para a correção de catarata e exames rotineiros que pudessem identificar fatores de risco, como acuidades auditiva e visual, osteoporose, dificuldades cognitivas, emocionais e de mobilidade.

 

Fonte: Agência Notisa, 8/9/2004