Fé pode fazer bem à saúde Segundo o ditado popular, a fé move montanhas e, de acordo com uma pesquisa da Unifesp e da Universidade Católica de Pelotas, ela também diminui o índice de problemas mentais. O estudo, publicado na Revista de Saúde Pública (Vol. 37 n. 4), investigou a relação entre bem-estar espiritual e distúrbios psiquiátricos e concluiu: quanto maior a prática da espiritualidade, maiores as chances de ter melhor saúde mental. A pesquisa, que foi feita com universitários dos cursos de medicina e direito, abordou 464 alunos, aos quais foram aplicados questionários investigando aspectos sociodemográficos, práticas religiosas e fatores produtores de estresse. Dos estudantes pesquisados, 80% afirmaram possuir alguma crença espiritual ou religião. A partir das análises dos pesquisadores, o estudo concluiu que o bem-estar espiritual está diretamente relacionado à freqüência a serviços religiosos e práticas espirituais. “Indivíduos com bem-estar espiritual baixo e moderado apresentaram o dobro de chances de possuir transtornos psiquiátricos menores”, diz a pesquisa. Também de acordo com a Organização Mundial de Saúde, “450 milhões de pessoas sofrem de transtornos mentais, resultantes de uma complexa interação de fatores genéticos e ambientais”, apontam os pesquisadores, que vão além: lembram que em 1988 a OMS incluiu o chamado “aspecto espiritual” no conceito multidimensional de saúde. No estudo, os pesquisadores explicam o que seria o “aspecto espiritual”, mencionado pela OMS: “conjunto de todas as emoções e convicções de natureza não material, com a suposição de que há mais no viver do que pode ser percebido ou plenamente compreendido, remetendo a questões como o significado e sentido da vida, não se limitando a qualquer tipo específico de crença ou prática religiosa”. Os autores lembram que a literatura médica vem destacando as evidências de que a espiritualidade seria um fator de proteção do organismo, tanto em questões de ordem médica, quanto em problemas da área psicológica, bem como em situações relativas ao campo da educação: “Em pacientes idosos com câncer, o bem-estar espiritual representou um fator de proteção, estando relacionado a atitudes positivas de combate à enfermidade”, dizem. Sobre a crença dos alunos, o estudo mostra que a maioria participa de religiões proféticas monoteístas — cristianismo, judaísmo e islamismo —, sendo que, no curso de direito, há maior número de praticantes do grupo espírita. Os alunos de medicina, segundo o estudo, apresentam maior tempo de participação na prática religiosa do que os alunos de direito. Os estudiosos lembram que, embora não seja possível determinar, com exatidão, como ocorre a interação entre espiritualidade e saúde, é possível que a crença interfira em fenômenos psiconeuroimunológicos e psicofisiológicos: “a oração e outros rituais, por exemplo, podem influenciar, psicodinamicamente, através de emoções positivas, como a esperança, o perdão, a auto-estima e o amor”, afirmam os pesquisadores. De acordo com a pesquisa, “a vivência de ter sentido e a satisfação na vida, oriundos da prática da espiritualidade, possibilitam ao indivíduo um recurso interno para o manejo e entendimento de situações existenciais críticas, como a dor, o sofrimento e a morte”. Assim, ao considerarem que a espiritualidade seja um recurso psicossocial de saúde mental, os pesquisadores recomendam o incentivo à prática de atividades espirituais e religiosas: “essas práticas materializadas em ações, além de benéficas, não são onerosas aos sistemas de saúde”, concluem os pesquisadores. ______________________ Fonte: Agência Notisa, 9/10/2004 |