A ONU e a Velhice:
Mudança de Paradigmas Por
Marcel Stefano Essa é, para a Organização das Nações Unidas (ONU), uma das maneiras de resolver o grave problema de envelhecimento da população e evitar a quebra dos sistemas de previdência nos países mais pobres. Tal recomendação consta do Plano de Ação Internacional, aprovado pela ONU no ultimo mês de fevereiro durante uma conferência que discutiu exclusivamente os problemas relacionados aos idosos do mundo. A Segunda Assembléia Mundial sobre Envelhecimento, que discutiu o tema, foi realizada em abril em Madri.
No
documento, a ONU prega a necessidade de promover uma abordagem positiva do
envelhecimento e de superar os estereótipos que estão associados aos idosos.
Discutido e aprovado na conferência de Madri, o Plano obriga os governos a agir
para enfrentar o desafio do envelhecimento da população e apresenta aos
responsáveis pela formulação de políticas de todo o mundo um conjunto de 117
recomendações, que abrangem três esferas prioritárias: pessoas idosas e
desenvolvimento, promover a saúde e o bem-estar na velhice, e assegurar um
ambiente propício e favorável. Com os números mundiais demonstrando que a população idosa se quadruplicará até 2050, a Assembléia da ONU reconheceu a importância da inserção do envelhecimento no contexto das estratégias para a erradicação da pobreza, bem como, dos esforços para conseguir a plena participação de todos os países em desenvolvimento na economia mundial. Para a ONU, o envelhecimento não deve ser simplesmente uma questão de segurança social, e sim, deve antes ser visto no contexto mais geral das políticas de desenvolvimento e econômicas. O Plano
O
Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento pede mudanças de atitudes,
políticas e práticas em todos os setores, buscando concretizar as enormes
potencialidades do envelhecimento no século XXI. Segundo o texto, todas as
pessoas idosas deveriam poder envelhecer em segurança e com dignidade e
continuar a participar na sociedade como cidadãos com plenos direitos.
O
Plano visa garantir que as pessoas idosas se realizem plenamente em seus
direitos, consigam envelhecer com segurança e sem estarem sujeitas à pobreza,
participem plenamente na vida econômica, política e social e tenham
oportunidades de se desenvolver nos últimos anos da sua existência. Outros itens
abordados pelo Plano são a eliminação da violência e da discriminação de que são
alvos os idosos, a igualdade entre os sexos, a importância vital da família, os
cuidados de saúde e a proteção social das pessoas idosas. Aos governos compete, primordialmente, aplicar o Plano de Ação, mas as parcerias entre governo, sociedade civil, setor privado e as próprias pessoas idosas são também importantes, destaca a ONU. As Organizações Não-Governamentais (ONGs) são fundamentais para apoiar os esforços dos governos para aplicar, avaliar e analisar o Plano. A investigação e a tecnologia deveriam ser orientadas para as repercussões do envelhecimento no plano individual, social e da saúde, especialmente nos países em desenvolvimento. Prioridades
Para
que o Plano seja posto em prática, foram definidas medidas concretas em função
de três prioridades:
A primeira
prioridade – as pessoas idosas e o desenvolvimento – centra-se em oito questões
que exigem uma ação imediata, para assegurar a integração permanente e o reforço
da capacidade de agir das pessoas idosas, permitindo-lhes assim participar
ativamente na sociedade, no desenvolvimento e na população economicamente ativa.
A ONU propõe que os governos se concentrem em envolver os idosos na tomada de
decisões, criando oportunidades de emprego para as que desejem trabalhar e
melhorando as condições de vida e as infra-estruturas nas zonas rurais. Deveriam
também reduzir a pobreza nestes locais e entre as pessoas idosas em geral, bem
como, integrar os migrantes idosos no seio das novas comunidades e garantir a
igualdade de oportunidades no domínio da educação e da formação.
O
Plano de Ação limita 2015 como o ano em que os governos alcancem uma melhoria de
50% na alfabetização de adultos, em especial de mulheres, bem como um acesso
eqüitativo de todos os adultos ao ensino básico e à educação permanente.
Sobre
a segunda prioridade – promover a saúde e o bem-estar na velhice – a ONU
argumenta que os governos devem reduzir os efeitos de fatores que contribuem
para aumentar as doenças e a dependência na velhice formular políticas para
evitar doenças e assegurar o acesso a alimentos e a uma nutrição adequada.
Neste
item, a entidade defende que os governos devem também esforçar-se para eliminar
as disparidades econômicas e sociais baseadas na idade, no sexo ou em outros
fatores devem criar e reforçar os serviços de cuidados de saúde primários e
reforçar os serviços de assistência primária e a longo prazo.
Entre outras
recomendações nesta área da saúde figuram: melhorar a avaliação do impacto da
Aids na saúde das pessoas idosas, em particular nos países em desenvolvimento, e
prestar informações e formação adequadas às pessoas portadoras do HIV, além de
prestar-lhes assistência.
Na
terceira prioridade – assegurar um ambiente propício e favorável – a ONU pede
recomendações que visem melhorar a habitação e as condições em que vivem as
pessoas idosas, bem como, promover uma visão positiva do envelhecimento e
sensibilizar o público para as importantes contribuições dos idosos.
Relacionado a este tópico, o Plano de Ação também foca a questão da existência
de meios de transporte acessíveis e a preços especiais para idosos, a
continuidade da assistência e serviços destinados aos idosos, o apoio ao papel
dos idosos como prestadores de cuidados e a criação de serviços de apoio para
fazer face à violência sobre as pessoas idosas.
No
Plano de Ação, os chanceleres da ONU também enfatizaram o problema financeiro
dos países subdesenvolvidos relacionado ao problema dos idosos. Refere que a
integração do envelhecimento e das preocupações com as pessoas idosas nos
quadros nacionais de desenvolvimento e nas estratégias de erradicação da pobreza
seria um primeiro passo em direção à aplicação do Plano. “Em nível mundial, é urgente que haja uma maior coerência, uma melhor governabilidade e uma maior coesão dos sistemas monetários, financeiros e comerciais internacionais. O Plano pede uma ação rápida e concertada, tendo em vista fazer face aos problemas da dívida externa dos países em desenvolvimento. É necessário um aumento substancial da ajuda pública ao desenvolvimento (APD), se se pretender que esses países alcancem os objetivos de desenvolvimento acordados internacionalmente. Pede-se aos países desenvolvidos que façam esforços concretos no sentido de atingir o alvo de canalizar 0,7% do seu Produto Nacional Bruto (PNB) para a APD destinada aos países em desenvolvimento e de 0,15% do seu PNB para os países menos avançados”, ressalta o documento. Fonte: Revista Eletrônica da Terceira Idade |