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Cerca de
um
quarto dos
idosos
em
São Paulo presta
serviço
voluntário
Por
Maurício Kanno
Atividade foi recomendada
pela ONU
como envelhecimento
ativo,
mas no Brasil há
obstáculos
econômicos e culturais.
Baixo
número pode
ser explicado pelas
dificuldades
financeiras
Somente
cerca
de 27% das
pessoas
acima
de 60
anos
no
município
de
São
Paulo pratica
trabalho
voluntário,
segundo
pesquisa
de
mestrado
defendida na
Faculdade
de
Saúde
Pública
(FSP) da USP. O
estudo
envolveu 2.143
idosos
da
cidade,
que
representam o Brasil no
Projeto
Saúde,
Bem-Estar
e Envelhecimento (Sabe), da
Organização
Panamericana de
Saúde
(Opas).
O
projeto
estuda
também
outros
seis
países
da América
Latina.
Segundo
a administradora
hospitalar
Heather Barker Dutra da Silva, autora da
pesquisa,
há
índices
bem
maiores
de
voluntariado
de
idosos
em
países
desenvolvidos,
como
os
Estados
Unidos e na Europa. "Porém,
não
se deve
encarar
o
número
como
um
dado
negativo.
É uma
alternativa
de envelhecimento
ativo
entre
outras", diz
ela.
O
trabalho
voluntário
de
idosos
foi recomendado
pela
Organização
das
Nações
Unidas (ONU)
em
2002,
como
uma
força
de
desenvolvimento
e envelhecimento
ativo.
"A
idéia
é
que
o
idoso
também
pode
colaborar
para
a
sociedade,
melhorando a
qualidade
de
vida
de
todos;
sendo
necessário,
no
entanto,
buscar
atividades
apropriadas
para
ele."
Por
exemplo,
deve-se
levar
em
conta
a
sua
baixa
escolaridade:
pouco
mais
da
metade
dos
idosos
voluntários
estudados (56,4%) têm de
um
a
quatro
anos
de
estudo.
"É
preciso
se
preparar
para
a
tendência
mundial de envelhecimento. Haverá
um
impacto
muito
grande
se o Brasil
continuar
sem
priorizar
políticas
públicas direcionadas a essa
questão...
Países
europeus
já
têm
políticas
nesse
sentido,
direcionando os
mais
velhos
para
serviços
de
jardinagem
ou
auxílio
de
outros
vizinhos
idosos,
por
exemplo",
diz Heather.
Porém,
segundo
a pesquisadora,
ser
voluntário
é uma
perspectiva
que
se adquire
desde
jovem.
"Se
você
tem
que
trabalhar
a
vida
inteira
para
sobreviver,
você
não
pensa
na
atividade
voluntária
como
uma
opção
nem
durante
a
sua
vida
nem
no
fim
dela".
Mas
essa
não
é a
única
forma
de envelhecimento
ativo.
Heather aponta
que
muitos
idosos
são
apoios
importantes
para
os
mais
jovens
da
família,
cuidando dos
netos,
por
exemplo.
Além
disso,
quase
metade
das
pessoas
estudadas (52%)
são
aposentadas, e destes,
um
quarto
(25%)
trabalha.
As
razões
variam
desde
a
dificuldade
financeira
- de
acordo
com
dados
do IBGE de 1999,
cerca
de 40,3% das
pessoas
a
partir
de 60
anos
têm
renda
de
até
um
salário-mínimo -
até
a
importância
dada
ao
trabalho,
profundamente
ligado à
vida.
"Muitos
acham
que
vão
morrer
se pararem de
trabalhar",
diz Heather.
Composição
do
voluntariado
"Mais
da
metade
desse
tipo
de
trabalho
tem
ligação
com
a
Igreja
e
instituições
ligadas
à
religião",
diz a pesquisadora. "Escolas
são
outro
exemplo
de
setor
ligado ao
voluntariado."
Só
recentemente
no Brasil, começou a
haver
maior
participação de ONGs,
nos
anos
80, e de
empresas,
nos
anos
90. "Mas
as raízes históricas estão na
Santa
Casa
de
Misericórdia,
no
século
XVI."
E essa
origem
fez
com
que
o
trabalho
voluntário
estivesse
sempre
associado
à
assistência
social,
com
casas
de
saúde
e
instituições
voltadas aos excluídos. Essa é na
verdade
a
forma
menos
freqüente
de
voluntariado,
representando na
pesquisa
4,4% do
total
de
voluntários
idosos.
Essa
prestação
de
serviços,
chamada
forma
direta
de
voluntariado,
inclui
ainda
ensino,
transporte
e
administração,
por
exemplo.
É dessa
forma
direta
que
as
mulheres
acabam ajudando,
em
geral.
Além
disso, as
mulheres
praticam
mais
atividade
voluntária
(61,4% do
total
de
idosos
voluntários)
que
os
homens.
"Elas
costumam
ter
vínculos
mais
fortes
com
entidades
religiosas", diz Heather. Os
motivos
também
incluem
sua
menor
participação no
mercado
de
trabalho
e à
maior
facilidade
para
conciliar
a
atividade
voluntária
com
o
tempo
de
trabalho
doméstico.
A
outra
forma
de
voluntariado,
mais
freqüente,
é a
indireta:
doação
de
dinheiro,
comida
e
roupas,
por
exemplo.
Ao
contrário
do
que
possa
parecer,
inclusive,
os
casados
têm
maior
participação
voluntária
que
os
solteiros.
"Apesar
de
eles
terem
mais
responsabilidades
familiares,
em
geral
têm
mais
renda",
diz a pesquisadora.
Fonte:
Agência
USP de
Notícias,
São
Paulo, 18 de Maio de 2004.
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