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Brasil terá banco nacional de tumores

Unidade está sendo construída no RJ e reunirá informações para auxiliar no diagnóstico e no tratamento do câncer

 

O país vai ganhar o seu primeiro banco nacional de tumores cancerígenos. A unidade, que está sendo construída no centro de pesquisas clínicas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), vai reunir informações necessárias para a elaboração do heterogêneo perfil genético da população brasileira, possibilitando estudos que permitirão o aprimoramento do diagnóstico e do tratamento da doença.


Inicialmente, serão coletadas amostras de tumores de maior incidência entre os brasileiros, como os de pulmão, mama, colo de útero, próstata e esôfago. A associação entre a análise dos tecidos cancerosos e os dados clínicos dos pacientes permitirá, por exemplo, a identificação dos genes presentes em determinados tipos de tumores.


O projeto do Banco Nacional de Tumores e DNA começou a ser elaborado há dois anos pelo oncologista Carlos Gil Ferreira, chefe de Pesquisas Clínicas do Inca. E saiu do papel graças à doação de US$ 4 milhões da fundação suíça Swiss Bridge e dos R$ 250 mil da Finep, vinculada ao MCT.


‘A fundação, que faz a ponte entre doadores e instituições de pesquisa contra o câncer, recebeu o material e aprovou. Solicitamos, então, recursos da Finep, já que o dinheiro da Swiss Bridge não pode ser usado em obras’, conta Ferreira, que vai coordenar a unidade com a pesquisadora Eloiza Tajara, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.


O banco, segundo ele, permitirá reunir informações sobre a ação do câncer entre os brasileiros, já que a maior parte dos dados hoje é de pacientes de outros países.


‘O material encontrado nos bancos de tumores que começaram a surgir na Europa e nos EUA nos final da década de 80 não dão conta da heterogeneidade do perfil genético do brasileiro. E a oncologia vai caminhar, em uma ou duas décadas, para o tratamento individualizado’, diz o médico.


Ferreira observa que a unidade vai ampliar, em escala nacional, um trabalho feito no Hospital do Câncer de SP, pelo médico Fernando Soares, que abriu o primeiro banco de tumores do país.

‘Ele começou os trabalhos por aqui. E também existe o Genoma Clínico, iniciativa financiada pela Fapesp. A idéia é integrar esses projetos’, disse o oncologista. A coleta das amostras de tumores vai ser iniciada no primeiro trimestre do ano que vem, em três hospitais do Inca.

Depois, será ampliada, com o credenciamento de centros espalhados pelo país. ‘Os fragmentos de tumores ficarão armazenados em um tanque de nitrogênio ou congelados a uma temperatura entre 80 e 140 graus negativos. E poderá ser usado por pesquisadores de todo o país’, disse Ferreira.

 

(Karine Rodrigues, de O Estado de SP)

Hospital do Câncer tem projeto desde 1999


Ao lado do centro cirúrgico do Hospital do Câncer, em SP, um médico espera que uma cirurgia ocorra. Ele fica ali, das 7 da manhã às 8 da noite - são dois, um pela manhã, outro à tarde - sem muito que fazer até que uma enfermeira aparece correndo com um tecido recém extraído de um paciente na mão.


Rapidamente o patologista o corta, coloca um pedaço em nitrogênio líquido e a outra no microscópio, anotando imediatamente quais as características daquele tecido com câncer. Os dados são então colocados no computador, e os tecidos encaminhados para um freezer a -140ºC, tornando-se parte do banco de tumores do hospital.


Hoje, esse banco iniciado em 1999 tem 8 mil tumores de mais de 100 tipos diferentes que ajudam os pesquisadores no trabalho, por exemplo, de fazer um diagnóstico precoce ou saber se um paciente irá responder ou não a um tratamento antes de começá-lo.


Foi o caso do trabalho que ganhou a capa da revista Cancer Research em fevereiro deste ano. Neles, pesquisadores Hospital do Câncer e Instituto Ludwig, com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de SP (Fapesp), fizeram uma análise que permitirá detectar precocemente o câncer de estômago, o segundo que mais mata no Brasil.


‘Temos 27 projetos em andamento’, diz Luiz Fernando Lima Reis, diretor de pós-graduação do hospital e pesquisador do Ludwig.


Semanalmente, Fernando Soares, diretor de patologia do hospital e responsável pelo banco, recebe 5 ou 6 pedidos de pesquisadores. ‘Eles querem saber se há um determinado tecido no banco’, comenta Soares.


Segundo ele, não há nada parecido com a iniciativa do hospital na América Latina - no mundo, existem somente 5 de porte similar.


Pioneiro na montagem desse tipo de banco, o hospital começou a criá-lo quando seu presidente Ricardo Brentani decidiu que aquela deveria ser uma prioridade.


‘Eu era um cientista tradicional, interessado na asa da barata. Agora estou mais preocupado em como beneficiar os pacientes’, diz ele, sobre um dos motivos da criação do banco. (Alessandro Greco, de O Estado de SP, 15/11).


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Fonte: JC e-mail 2647, de 16 de Novembro de 2004.

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