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Dieta do brasiliense é pobre

 

Carolina Caraballo e Larissa Meira

 

Arroz e feijão. A dupla tipicamente brasileira é presença certa no cardápio diário dos moradores do Distrito Federal. Calcula-se que 79,4% da população come arroz diariamente. O feijão fica em segundo lugar na lista dos alimentos mais consumidos, com 71,2%. A carne bovina só aparece em sétimo lugar, perdendo para o pão, as hortaliças e as frutas. Especialistas em nutrição avaliam que faltam vitaminas, minerais e fibras na dieta do brasiliense.

Os dados fazem parte da pesquisa de doutorado da psicóloga Maria Cristina Sebba, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), que será apresentada no 1º Congresso Brasileiro de Gastronomia e Segurança Alimentar, de 20 a 23 de outubro, no Blue Tree Park. Um questionário de 65 perguntas, elaborado com a ajuda da nutricionista Ana Carolina Floresta Lima, apontou as práticas e mudanças alimentares da população do DF. Foram escolhidas aleatoriamente 500 pessoas acima de 15 anos de 11 regiões: Asa Sul, Asa Norte, Sudoeste, Águas Claras, Ceilândia, Gama, Guará, Planaltina, Sobradinho, Taguatinga, e Vila Estrutural.

O estudo, realizado de outubro de 2003 a outubro de 2004, verificou que cerca de 49% dos entrevistados ingerem frutas e verduras diariamente. Os legumes aparecem no prato de 45,4%. Carne bovina só é colocada sobre a mesa de 11,6%. O frango é consumido por 6,4%. E a carne de peixe mingua. Só 1,4% dos brasilienses a consome (leia no quadro).

Os números assustam a nutricionista da Clínica de Gastrocirurgia de Brasília Sílvia Leite. ‘‘A dieta supre apenas a necessidade de aminoácidos essenciais. Para que a alimentação seja equilibrada, é preciso comer mais alimentos ricos em ferro e proteína’’, esclarece. De acordo com Sílvia, a carne tem um tipo de ferro que é facilmente absorvido pelo organismo.

Sem limites


Ponto para a dona-de-casa Maria das Graças da Mata Claessen, 54 anos. Todos os dias, ela consome sem exagero arroz, feijão, carne e legumes. Entretanto, sua alimentação nem sempre foi exemplar. Há cerca de dez anos, ela engordou quase 15 quilos por conta das mudanças hormonais da menopausa. ‘‘Já tinha facilidade para ganhar peso. Adoro doces em compota e biscoitos. O problema é que eu não tinha limites’’, admite. Para baixar o ponteiro da balança, consultou uma nutricionista. Hoje, a dona-de-casa é adepta da reeducação alimentar.

‘‘Como tudo o que gosto, mas de forma balanceada. A única coisa que precisei cortar foi o doce. Passei, então, a fazer seis refeições diárias e comer mais frutas’’, relata. ‘‘É tranqüilo. Já emagreci quase nove quilos, e meu colesterol baixou. Me sinto mais disposta.’’ A pesquisa de Maria Cristina mostra que 37% dos entrevistados relataram mudanças de hábitos alimentares nos últimos seis meses. Desses, 32,6% tiveram como principal motivação a perda de peso, e 20% a reeducação alimentar.

Reeducação alimentar

Pelo menos três vezes por semana, a advogada Renata Vieira Fonseca, 28 anos, fazia de sanduíche, batata frita e pizza, o seu almoço. Em julho, estava 10 quilos acima do peso. Foi o suficiente para buscar uma reeducação alimentar. Renata é o retrato do público que freqüenta lanchonetes em Brasília — em sua maioria mulheres, de classe média a alta, entre 20 e 34 anos. O perfil foi traçado pelo Instituto Ipsos-Marplan.

‘‘Eu já tinha conseguido emagrecer com a ajuda de remédios, mas voltei a engordar. A vida de advogada não tem horários fixos, é comum ter audiências na hora do almoço. Tenho que apelar para o sanduíche’’, revela. A pesquisa, realizada no primeiro semestre de 2004, entrevistou 2.197 moradores do Distrito Federal. Desses, 27% disseram ter freqüentado restaurantes de fast-food nos últimos 30 dias. Desses, 55% eram do sexo feminino (veja gráfico).

De acordo com a nutricionista Sílvia Leite, as mulheres têm maior tendência a ‘‘beliscar’’. ‘‘Em geral, elas não resistem a guloseimas e doces. Os homens preferem uma refeição completa, com arroz, feijão, carne e farofa’’, analisa. ‘‘Além disso, na faixa dos 20 aos 34 anos, a mulher trabalha e estuda mais, o que exige refeições rápidas, fora de casa.’’
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Fonte: CorreioWeb, 18/ 10/ 2004 - Correio Braziliense